Com bom enredo e muita ação, novo longa cria frenesi em fãs, mas ainda
deixa a desejar para outros
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Divulgação |
Quando se fala em Star Wars é
preciso ter cuidado, tanto de quem produz quanto de quem vai falar sobre este
universo. Com uma grande reputação a zelar, realmente não deve ser fácil trazer
um novo filme – com uma história dentro de outra história – para as telas do
cinema. Como uma das maiores sagas de todos os tempos, há ainda um obstáculo
obscuro: agradar aos mais jovens, aos mais velhos, as crianças, aos que são fãs
e aos que não são. Não é pouca coisa! Por isso mesmo que Rogue One: Uma
história Star Wars tem tantos desafios.
A sala entra em frenesi constante
com as referências, as aparições de antigos, conhecidos e queridos personagens,
ou até mesmo as batalhas. Se tem algo que Star Wars consegue fazer muito bem é
travar lutas, sejam aquelas com sabres de luz, armas ou simplesmente a astúcia.
Tudo é muito bem construído, com cenários impecáveis, que nos fazem sentir como
se estivéssemos realmente nos diversos planetas. Aos fãs talvez não existam
erros, mas eles existem.
Aos olhos de um leigo ou de
alguém que não é tão fanático por Star Wars, o filme deixa muito a desejar na
explicação de alguns acontecimentos – uma vez que ele se passa entre um filme e
outro – e se perde no “encaixe” dos personagens. Falta o carisma deles com o
público presente na sala e, portanto, não existe a dor da perda e nem a emoção
por eles. Jyn Erso, Cassian Andor e K2SO não conseguem, ao longo de todo o
tempo, estabelecer uma ligação com o espectador. Não é um problema de atuação,
mas sim no roteiro.
Em algumas partes, a impressão
que (me) foi passada é de que não tiveram tempo para a construção dos
personagens e simplesmente os jogaram ali. Foi um “de repente” atrás de outro:
alguém que não sabia de nada, soube de tudo; onde não havia confiança alguma,
passou-se a ter; um transtornado se cura em alguns segundos; um outro que mal
tem seus motivos explicados; outro achado em um planeta decide fazer parte da
Rebelião aparentemente sem nenhum motivo para isso; outro que poderia
simplesmente não existir na história. Não existe química entre os personagens e
muito menos deles com o público. E é por isso mesmo que o “frenesi” dos fãs é
causado pelas aparições de outros já conhecidos.
Obviamente que isto não tira o
brilhantismo da saga – e menos ainda do filme, uma vez que alguns críticos
estão dizendo ser este o melhor filme de Star Wars. Uma pena, pois o anterior
teve muito mais dessa receita de sucesso, com mistérios, enigmas, batalhas e
trouxe a esta nova geração uma leva de personagens queridos e carismáticos. Enfim,
Rogue One não é uma história feita para o público novo nas guerras das
estrelas. Os fãs se sentirão satisfeitos com o resultado e os demais apenas
sentirão aquela pontinha de que faltou alguma coisa. Foi bom, mas poderia ser
melhor.